O jornal de hoje
Desculpa mas eu não entendo. Não entendo como um homem pode se enfiar à força dentro de uma mulher, rasgando a sua dignidade e suas simples esperanças de ter uma vida boa, para gozar o mesmo gozo de quando usa as próprias mãos debaixo do chuveiro.
Eu não entendo como um sujeito ainda tenta interpretar o papel de esperança quando a merda já foi parar no ventilador faz tempo, respingando na cara de todo mundo. Entendo menos ainda como é que 75% dos brasileiros não conseguem sequer sentir o cheiro dessa merda toda e continuam a o admirar como pessoa. Definitivamente, eu não entendo essa gente nojenta que rouba mais do que precisa, por ossos do ofício de trabalhar na politica.
Também não entendo essa vingança absurda contra as arraias. Será que alguém pensa que assim elas vão aprender a lição e não sair por aí ferroando apresentadores de TV que se acham domadores da natureza?
Não, eu não entendo a polícia que se vende barato para bandidos com pinta de empresário que ligam de celulares para seus advogados de dentro do camburão. Eu não entendo o superávit de uns e o deficit de outros. Meu Deus, eu não entendo como alguém se explode pelos ares convencido que parte com a dignidade de quem contribui para a salvação, quando não faz mais do que transformar 22 pobres almas em pedacinhos de carne.
Eu não entendo como meus olhos caminham por notícias incompreensíveis com a mesma emoção de quem lê gibi velho ou bula de remédio, só para passar o tempo. Não choro, não dou gargalhadas histéricas de nervoso, não vou correndo para o banheiro vomitar. Um barulhinho de língua estalada entre os dentes, um abano morno de cabeça (quando muito) e viro a página. Eu não entendo quando fiquei burra e anestesiada. Talvez esteja só me defendendo, como fez a arraia. Mas que tipo de defesa é esta, se nada me protege de ser uma das vítimas do dia, no jornal instantaneamente esquecido de depois de amanhã?
1 Comments:
Boneca,
Estou cada vez mais orgulhosa de você, vendo textos lindos brotarem no seu blog como flores (ou espinhos)...
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