Hoje eu acordei com vontade de escrever

Friday, May 18, 2007

365 dias com 30 anos

Amanhã eu me despeço dos meus 30 anos. E logo hoje eu ouço aquela música que diz “Could it be that I was born without a clue to carry on and still it is the same as I’m older?” Essa tal coincidência tem mesmo um estranho senso de humor. Por conta disso, no meu 365º dia de trintona, lá vou eu a pensar na vida. Olha que a televisão, o iPod e o jornal distribuído gratuitamente no metrô são as melhores invenções modernas para aqueles que, como eu, detestam pensar na vida. Mas tem horas que ter um cérebro tem seu preço.

Com 15 anos, nós costumamos pensar que com 30 vamos ser velhos. Com 20 e poucos, já sabemos que com 30 anos ainda não vamos ser velhos, mas achamos que vamos ser bem resolvidos.

Rá-rá-rá.

Amanhã eu já não terei 30 anos. Contrariando as minhas expectativas para a idade, não estou no auge da minha carreira, não tenho muito dinheiro no banco e, até agora, nada de filhos. Mesmo quando acho que sei o que eu quero, não tenho a menor idéia de como consegui-lo. Ainda tenho questões com o meu pai sobre quem dá menos atenção a quem. E, pasmem, às vésperas dos 31 anos completos, não consigo fazer baliza.

Mas para contrabalançar toda esta imaturidade interna, tem a coisa da aparência. Sempre tive cara de criança, sempre me deram menos idade do que eu tinha, mas essa é uma característica que eu perdi algures nos últimos dois anos. Não sei dizer exatamente quando, só sei que – puft – sumiu. Não que eu esteja cheia de rugas ou cabelos brancos. Os poucos que a minha amiga Danyelly (assim mesmo, com dois “l” e dois “y”) descobriu outro dia só são vistos de cima, por pessoas que me fazem cafuné. Ou seja, pessoas com intimidade o suficiente para eu ser velha à vontade. Eu não estou gorda, nem tão caída assim. Pelo menos de roupa. A verdade é que quase nada mudou, só que aquela menininha não está mais lá. E eu sinto saudades dela.

Mas que se foda. Me peço desculpas por não ser a rainha da cocada preta que eu esperava ser quando tinha 20 e poucos anos e agradeço a mim mesma por ter me feito feliz de lá pra cá. Pelo menos na maior parte do tempo. Isso é grande coisa, sim. E argumento forte o suficiente para terminar aqui o último suspiro da minha crise dos 30.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Lindo texto!!!
bjs!

5:18 AM  
Anonymous Anonymous said...

eu me sinto assim com 31,so que com filhos e quase perto de uma ~sonhada~ separacao.!

10:01 PM  

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