Hoje eu acordei com vontade de escrever

Wednesday, May 25, 2011

Eu voltei, voltei para ficar.

Não é fácil voltar. Já comecei e apaguei algumas vezes essas letras que tentam me definir. Escrever é me buscar, é me perder , é me encontrar e me perder outra vez, no meu próprio olhar. Me repito: quanto mais velha, mais boba eu fico. Boba, boba, boba. Chata, chata, chata. Feia, feia, feia. Uma criança de 35 anos, voltando a trabalhar, voltando a escrever, voltando a me expor e me impor. Marido, filhos, cachorro, se preparem. "Põe meia dúzia de Brahma pra gelar. Muda a roupa de cama. Eu tô voltando." Voltei ainda gostando de letra de música e citando Chico. E um pouco do Rei. Voltei cheia de vontade e opinião. Voltei porque cansei de guardar e esperar o fim dessa metamorfose para voar. Vou voar agora, mesmo que a asa não esteja pronta. Vou chorar agora, mesmo que seja na sua frente. Vou falar agora, mesmo que ninguém queira me escutar. Eu quero. Mais do que quero, preciso. Meu corpo pede com antigas manias. Minha cabeça pede com novas questões. Minha alma pede, como sempre pediu, pelas mesmíssimas razões.

Pronto, até rimei.

Sunday, May 15, 2011

Ninguém morre de amor

Romeu e Julieta morreram por um mal entendido porque se não fosse aquele plano mirabolante de fuga, alguns anos e muito sofrimento depois, Julieta teria três filhos com um amigo da família Capuleto e Romeu moraria com uma australiana que conheceu numa viagem de mochilão. E os dois seriam felizes e se lembrariam um do outro de vez em quando, como algo que aconteceu em outra encarnação.

Ainda assim, separação é uma merda. Qualquer um que já colocou uma vida na mala e foi embora, levando o sonho de felizes para sempre junto com a roupa dobrada e os sapatos guardados em saquinhos de pano da Mr. Cat, levou um tempo para acreditar que aquela dor um dia iria passar.

Primeiro é preciso amigos tentando abafar a angústia com abraços, dormir soluçando numa cama só sua, um anel novo para cobrir a marca da aliança. É preciso ouvir Trocando em Miúdos até o disco furar, querendo conversar com o Chico, porque ele deve saber o que você está sentindo, senão não teria escrito aquela música. É preciso matar planos, contas conjuntas, lembranças e diálogos mentais intermináveis.

Ainda assim, ninguém morre de amor.

Pode não ser muito romântico. Mas, para a preservação da nossa espécie, é um fato. Uma hora a gente descobre o que restou da gente e aprende a gostar desse resto até que aquilo que parecia tudo é só passado.

Detesto ver aqueles de quem eu gosto de verdade neste momento em que se tem certeza que sim, eles vão morrer de amor. Mas como foi bom hoje encontrar uma amiga para quem comecei a escrever este texto há quase três anos atrás e comprovar que o que ele diz é a mais absoluta verdade.