Hoje eu acordei com vontade de escrever

Tuesday, September 11, 2007

Vida nova

Eu ando acordando com vontade de escrever, mas o tempo tem me engolido. Meu coração está sempre batendo mais rápido que o presente. Tanta coisa acontecendo. Minha vida mudando toda de novo. Outro país, outra língua, outras escolhas. Fechar tudo em Portugal e abrir um livro em branco na Espanha.

E o Brasil fica um pouco mais longe. Logo agora que ele parecia mais perto.

Sinto tanta coisa ao mesmo tempo, sentimentos aparentemente incompatíveis brincam com o meu corpo e com a minha cabeça. Parece que tomei alguns cafés expressos a mais. Uma espécie de overdose psicológica. Estou leve e preocupada, ansiosa e calma, apaixonada e irritada.

Sexta-feira eu deixo de ser aquilo que sou desde que me entendo por gente (grande). Meu último dia como redatora. Meu último dia numa agência de publicidade.

Onde foi que isso tudo começou a acontecer? É claro que a gente sempre reclama, não conheço muitos publicitários que não pensem num plano B. Mas quando é que o meu caminho começou, de fato, a mudar?

Outro dia, aqui no blog, perguntei por aquele menina que existia no meu rosto e sumiu. Hoje me pergunto, cadê aquela mulher ambiciosa e apaixonada pelo que fazia que existia por trás daquele rostinho?

Uma parte de mim ainda acredita que talvez seja só uma crise. Depois de um tempo separados, eu e a minha profissão iremos sentir saudades um do outro e voltaremos a viver felizes até a aposentadoria.

Mas outra parte acredita (e muito) em todos os projetos que fervilham na minha cabeça. Vai ser difícil deixar de ser apenas a pessoa que tem as ideias para ser também a pessoa que as executa. Entretanto, contudo, todavia, tenho sentido uma enorme confiança em mim. Uma sensação boa e não muito recorrente nos últimos tempos.

Entre todos os meus amigos que me apoiam e acham que eu estou certíssima, teve um que falou muitas vezes e enfaticamente para eu pensar bem. E eu agradeço. Sei que de todos ele é o que tem mais razão.

Por mais que eu diga sempre que se nada der certo posso voltar a ser o que sempre fui, se o mercado não é amigável com quem é fiel, imagina com quem resolveu pular a cerca.

E o mais importante: por mais que essa seja uma decisão profissional, sei que nada vai ser mais afetado do que a minha vida pessoal. Num país estranho, onde não conheço ninguém, vou trabalhar em casa e ganhar pouco.

Em outro palavras: eu, Aline, 31 anos, independente e com mania de dona da razão, vou depender financeira e socialmente do meu marido.

Eu devo estar louca.

Mas considerei estas e muitas outras questões. Ainda as considero a cada minuto. E é examente pensando nelas que vou fechar os olhos e pular. O que quer que eu encontre lá embaixo vai ser novo.

E novo é bom.